terça-feira, 18 de maio de 2010

às vezes, no espelho,
sou outra,
outra Alice
que se olha no espelho como se não existisse

às vezes, eu olho bem lá no fundo
e nada, nada vejo
além de pequenos olhos úmidos

então, às vezes, não sou -
apenas estou no escuro
e, se abro os olhos,
lágrimas brotam do que eu chamaria de futuro

que nuvem é esta?
qualquer tipo de música?
e o que me impede de ver
esse grande segredo de ser
e ... de ser única?

domingo, 31 de janeiro de 2010

Toda vez que penso na flecha
que atingiu meu peito
se espalha das extremidades para o centro:
um calor imenso,
que é como o meu corpo agora
traduz a dor.

Arrancar a flecha,
cuidar da ferida aberta
(com antisépticos e analgésicos)
não adiantou.
Porque extraí a referência,
mas o significado da palavra flecha lá dentro ficou.


Antes tivesse deixado a ponta da flecha
na borda do coracão
- remoendo um pouquinho.

Ao menos a dor de agora seria real
e o corpo, quem sabe, teria posto para fora
essa ponta de palavra-flecha surreal.


E eu, lágrima nos olhos, poderia até chorar de verdade...