quinta-feira, 30 de julho de 2009

E era naquela imensidão escura, com brilho de ônix, que Bia desejava entrar. Decidiu abrir a porta da sala principal, mas vacilou no primeiro olhar entre o vão; sentiu um calafrio repentino. Ventos fortes indicavam tempestade. Bia teve medo, intuiu o perigo e bateu a porta delicadamente. Não viu o que tinha dentro, o mistério.

Na segunda vez estava claro, muito claro que ela não deveria transpor a porta daquela sala, mas Bia não resistia ao pensamento de romper a barreira e mergulhar, não de vez, mas gradativamente no breu. Ela não poderia deixar de ser fisgada por esse desconhecido sedutor, capaz de manipular os seus desejos mais secretos.

Deixou-se levar pelas circunstâncias e, uma terceira vez, por acaso, encontrou a porta aberta. Entrou e saiu varias vezes: pôde ver luzes estranhas a sua volta, vultos e também ouvir sons metálicos, estridentes como a queda de barras de alumínio num chão gelado. Bia vislumbrou uma lança extremamente pontiaguda a espera do seu coração. O mistério estava demasiadamente próximo e íntimo.

Ela fechou a porta. Abriu os olhos. Não quis acreditar no que havia presenciado. Pensou serem os fantasmas da sua própria imaginação. Tentou se convencer de que naquela sala havia apenas escuridão silenciosa, sem mistério algum; sem luzes, sem vultos e sem sons. Mas a lança pontiaguda era uma imagem forte em sua mente, vívida demais para ser mentira.

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