segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ensaio
Clara antevia o futuro. Não, não era vidente ou coisa parecida, apenas sabia como os fatos iriam se desenrolar, tinha uma espécie de radar lógico. Assim, passava muitas horas do seu dia brincando com os acontecimentos. Deitava-se na grama do parque da cidade, esticava o corpo para depois acomodá-lo ao chão e esperava que uma tela imaginária surgisse a sua frente. Mas Clara não se via deitada no chão, nunca. Sempre estava acima dos outros, observando os seus passos e gestos, penetrando o olhar nos olhares mais perdidos e era dali que ela extraía a matéria viva para as suas previsões. Tinha olho clínico e um prazer incontrolável de controlar seus objetos.

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